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Síndrome da Compartimentalização
12/12/2013
Publicado por: Renan Abreu

 Síndrome da compartimentalização

Autor: Renan Abreu


 

Definição

 

Caracteriza-se pelo aumento da pressão de um compartimento fascial de tal forma que impossibilite a perfusão sanguínea em níveis adequados para a manutenção de um tecido. É uma síndrome relativamente comum e pouco diagnosticada. Pode gerar isquemia seguida por necrose e eventual perda do membro acometido. 

 

Etiologia

 

Qualquer fator que provoque um aumento da pressão osteofascial pode dar origem a uma síndrome da compartimentalização. São eles:

·         Fraturas

·         Aumento do volume muscular com perda de elasticidade fascial

·         Esmagamentos

·         Queimaduras

·         Alteração do retorno venoso

·         Infusão de fluídos

·         Artroscopia

·         Rotura de gânglios ou cistos

·         Picadas de cobras

 

Fisiopatologia

A teoria da oclusão microvascular é a principal explicação para a redução do fluxo sanguíneo na síndrome da compartimentalização. A pressão nos tecidos recobertos por fascias é aferida em torno de 25 mm/hg. Valores de pressão compartimental que fiquem próximos de 25 mm/hg já são suficientes para que ocorra diminuição no fluxo sanguíneo tissular por falta de potencial. Os níveis altos de pressão podem comprimir em demasia estruturas muito vulneráveis à compressão, como os pequenos vasos dos músculos e o vasa nervorum dos nervos, situação que gera isquemia pontual e distal à área acometida. É importante entender que os problemas oriundos da síndrome não se dão pelo ato físico da compressão propriamente dito, mas pela conseqüente isquemia gerada por ela. O músculo esquelético é o tecido mais vulnerável a isquemias e fica sujeito, portanto, a perda de sua função por meio de lesões permanentes.

Epidemiologia

A causa mais comum de aumento da pressão osteofascial é por meio de fraturas (69%). O membro inferior é mais frequentemente acometido (compartimento anterior) pois os septos e fascias dessa região são mais fortes e conseguem, portanto, reter com mais eficácia as forças que agem sobre as paredes internas desses tecidos . A Inglaterra apresenta um perfil de 3.1 casos por 100.00 por ano. É uma doença muito mais comum na população masculina, acometendo homens ao redor dos 30 anos e mulheres por volta dos 44 anos. Atletas e soldados são considerados grupos de risco.

Sintomas

O paciente apresenta dor no membro acometido relativo à compressão do nervo. A dor geralmente aumenta após exercícios físicos. Dor à extensão passiva também é um sintoma característico de SC. É comum a parestesia e a hipoestesia ao longo do trajeto do nervo comprimido. Há perda de pulsação bem como redução da temperatura na região distal à acometida. Os sintomas da síndrome da compartimentalização são referidos na literatura inglesa por seis p´s:

·         Pain- Dor

·         Paresthesia- Parestesia

·         Pallor- Palidez

·         Paralysis- Paralisia

·         Pulseness- Ausencia de pulso

·         Poikilothermia- Sangue frio

 

Diagnóstico

Na presença de dois ou mais sintomas acima citados, deve-se desconfiar de síndrome da compartimentalização. A confirmação do diagnóstico se dá através da aferição da pressão do compartimento que, normalmente, situa-se abaixo de 20 mmHg. Tal medida pode ser feita utilizando-se a técnica de Whitesides. Outro achado clínico muito característico da síndrome trata-se do aparecimento de dor à manobra de extensão passiva do membro. O diagnóstico por imagem também pode ser realizado com utilização de ressonância nuclear magnética (RNM) para a constatação de compressão. Exames como Doppler (dúplex scan), SPET e arteriografia também podem auxiliar como exames complementares.

Tratamento

O tratamento mais indicado em fase aguda da doença (dores fortes e constantes) é cirúrgico. Realiza-se uma fasciotomia no compartimento acometido como forma de reduzir a pressão sobre os tecidos. A fasciotomia representa a incisão de uma região da fascia realizada facilmente com o auxilio de um bisturi. A incisão deve ficar aberta por um período de alguns dias ate que a pressão se estabilize em níveis aceitáveis.  A recuperação dos pacientes costuma ser boa, caracterizando um excelente prognostico. O tratamento da fase crônica da doença (situações nas quais relatos de dor e desconforto são percebidos durante e após exercícios físicos) se da por meio de fisioterapia. Também e indicado o aquecimento antes da pratica de exercícios e, em caso de apresentação de dor, deve-se aplicar compressa de gelo na região com o membro em posição estendida para auxiliar a manutenção do fluxo sanguíneo.

ReferênciasBibliográficas:

Rockwood and Green's: Fractures in adults - Volume 1 / Robert W.Bucholz, James D. Heckman -6. edição.